O quinto presidente da republica e seus enfrentamentos sanitarios



Gostaria de abrir este artigo fazendo uma muito oportuna comparação. No período em que o conselheiro assumiu a presidência da republica velha, sem aparato tecnológico algum e sem os meios científicos que hoje temos, enfrentou com maestria a peste bubônica que assolou são Paulo, a varíola e a febre amarela. E destacou se ali justamente pelo enfrentamento ao caos sanitário daquele momento com medidas que ainda que, ainda que não tão eficazes, mas com a vontade de lutar contra aqueles males. Ainda lutando contra a pressão feita pelos opositores as vacinas. A Revolta da vacina instalou se em 10 de novembro de 1904

Nesse contexto gostaria de solicitar ao diletisso leitor que faça um comparativo com a pandemia da COVID 19 nós tempos atuais e o então chefe do legislativo nesse período. Também não posso deixar de comparar sua postura ante a sociedade e a imprensa. 



Conselheiro Francisco de Paula rodrigues Alves foi um político e presidente do Brasil, servindo de 1902 a 1906. Ele foi eleito como presidente da República pela primeira vez em 1902, mas sua administração foi marcada por vários problemas, incluindo a peste bubônica, a varíola e a febre amarela em São Paulo, que matou milhares de pessoas e causou grandes danos econômicos. Apesar disso, Rodrigues Alves  conseguiu fazer realizações significativas durante seu mandato, incluindo a construção de estradas e ferrovias, o desenvolvimento de infraestrutura urbana e a melhoria da educação e principalmente saúde pública. Além disso, ele também tentou implementar medidas para combater a corrupção e aumentar a eficiência do governo.


Conselheiro Francisco de Paula Rodrigues Alves
Um sanitarista governando o país 


Com o apoio do presidente Campos Salles, foi eleito presidente da República. Conquistou mais de 93% dos votos. Decente, quando pedia almoço da Confeitaria Pascoal, para ele e auxiliares, pagava tudo do próprio bolso. 


A imprensa às vezes tratava Rodrigues Alves de maneira contundente, inclusive apelidando-o de “Soneca”. Não há notícia de que tenha perseguido jornalista ou falado palavrões a algum deles. “Dizia-se até que recortava e guardava as caricaturas e as sátiras publicadas na imprensa”, escreve Fernando Figueiredo. Culto, era amigo de poetas, como Olavo Bilac. Ao deixar o governo, saiu aplaudido pela população do Rio de Janeiro e sendo chamado de “Papai Grande lá do Catete”.


No governo de Rodrigues Alves, ocorreram a Revolta da Vacina, em 1904, e a sublevação da Escola Militar da Praia Vermelha.


Chegaram a aconselhá-lo a fugir do palácio. Mas Rodrigues Alves, pequeno e franzino, decidiu ficar e enfrentar a situação. “O saldo da tentativa de deposição do presidente teve três mortes, incluindo a do general Silvestre Travassos, líder e articulador da ofensiva ao Palácio do Catete.” A oposição articulou uma campanha suicida contra a vacinação em massa para combater a varíola. O governo acabou revogando a vacinação obrigatória. O médico Oswaldo Cruz era o principal responsável pela vacinação, isto, é, por salvar vidas.


Osvaldo Gonçalves cruz. Médico cientista ,Ou apenas Osvaldo Cruz. Forte aliado sanitarista do presidente Rodrigues alves


Com passagem pelo Instituto Pasteur, na França, o médico sanitarista recebeu a incumbência de cuidar do saneamento do Rio de Janeiro. A capital era apresentada no exterior como “túmulo dos estrangeiros”, por causa das epidemias “incontroláveis”.


Oswaldo Cruz decidiu combater, de cara, a febre amarela e a peste bubônica. O governo articulou equipes de caçadores de ratos. Chegou-se a pagar quem matasse ratos, hospedeiros de pulgas que transmitiam a peste.

Semelhança com os tempos atuais só que com enfrentamento e cuidado com epidemias que se instalaram no país 


“Para eliminar o mosquito transmissor da febre amarela, milhares de pessoas foram mobilizadas, além de uma intensa e extensa higienização em áreas mais povoadas, especialmente em casas no centro da cidade, onde o problema era mais crítico. Construções sem condições de salubridade ou sem licença foram interditadas, e os enfermos identificados logo eram encaminhados e isolados em hospitais. Por ser invasiva e, assim, muitas vezes provocar resistência da população, toda ação tinha acompanhamento da polícia, que escoltava as equipes médicas onde quer que fossem”, relata Fernando Figueiredo.


Em 1904, a varíola matou 4 mil pessoas. Por isso o governo de Rodrigues Alves tornou a vacina obrigatória. Mas políticos, como o senador Lauro Sodré e o deputado Barbosa Lima, ligados ao Exército, fizeram uma campanha irracionalista insuflando a população contra a campanha. Ruy Barbosa também atacou a orientação de Oswaldo Cruz. O historiador Nicolau Sevcenko, autor do livro “A Revolta da Vacina”, escreveu que o governo não soube preparar, “psicologicamente”, as pessoas. Lima Barreto acompanhou a revolta de populares. “O motim não tem fisionomia, não tem forma, é improvisado”, realçou.

Bonde virado em avenida Paulista na revolta da vacina. Uma tentativa de boicotar o sistema de vacinas adotado a epoca


Pacificado o país, Rodrigues Alves pôs-se a implementar seu programa de modernização. Manteve as finanças estabilizadas, mas incentivou o crescimento econômico. Começou por uma ampla reurbanização do Rio de Janeiro. Expandiu as ferrovias e incentivou a imigração.


Pereira Passos, engenheiro e prefeito do Rio de Janeiro, começou, bancado por Rodrigues Alves, uma ampla reformatação da arquitetura urbana da cidade. Admirador do barão (George-Eugène) Haussmann, Pereira Passos não hesitou ao tocar a reforma urbana. O engenheiro Lauro Müller, ministro da Viação, responsabilizou-se pela modernização do porto. “O engenheiro Paulo de Frontin “comandou dois grandes canteiros de obras na abertura das avenidas Central (atual Rio Branco) e do Cais (hoje Rodrigues Alves)”, informa Fernando Figueiredo.


Há políticos que sugerem que investir em saneamento, sobretudo esgoto, não funciona em termos eleitorais. Porque as obras, embora fundamentais para a saúde pública, “não são vistas” (ficam embaixo da terra) pelos eleitores. Rodrigues Alves pensava diferente: e investiu pesado em urbanização e saneamento



uma construção notável  realizada durante a presidência de Rodrigues Alves foi a Avenida Central: construída entre 1902 e 1906, é a primeira avenida larga de São Paulo, e conectava o centro da cidade aos bairros da região sul, proporcionando uma rota de transporte mais rápida e eficiente


Avenida Paulista em 1902. Primeira avenida larga paulista


Elegeu-se duas vezes presidente da República, cumprindo integralmente o primeiro mandato (1902 a 1906), mas faleceu antes de assumir o segundo vítima de gripe espanhola em 1919

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