Sétimo presidente da primeira republica. Único afrodescendente a governar o país até os dias de hoje

 Sétimo presidente da primeira republica

Nilo Procópio Peçanha foi um político brasileiro. Assumiu a Presidência da República após o falecimento de Afonso Pena, em 14 de junho de 1909 e governou até 15 de novembro de 1910. Nilo Peçanha é patrono da educação profissional e tecnológica no Brasil. 

Nilo Procópio Peçanha. Vice de Afonso pena, substituto do mesmo em face a seu falecimento.

Nilo Peçanha aderiu ao republicanismo e ao abolicionismo na cidade natal dele, Campos dos Goytacazes, onde fundou o Partido Republicano da província do Rio de Janeiro, em 13 de novembro de 1888. Com a instauração da republica. assumiu o cargo de deputado federal entre os anos de 1891 e 1902. Nesse período, Nilo Peçanha defendeu o afastamento do presidente marechal Deodoro da Fonseca devido ao fechamento do Congresso em 3 de outubro de 1891. E apoiou a presidência de marechal Floriano Peixoto, que assumiu o cargo com a deposição de marechal Deodoro. Nilo Peçanha engajou-se no movimento jacobino, base de apoio do marechal Floriano Peixoto, durante o mandato presidencial de Prudente de Morais (1894-1898).


Nilo Peçanha aprovou a “política dos governadores” promovida pelo presidente Campos Sales (1898-1902). Dessa maneira, garantiu apoio federal à candidatura de presidente do Estado do Rio de Janeiro, cargo exercido por Nilo Peçanha entre os anos de 1903 a 1906, até o momento em que assumiu a vice-presidência da República junto ao presidente Afonso Pena (1906-1909). Com a morte de Afonso Pena em 14 de junho de 1909, durante o mandato presidencial, o então vice-presidente Nilo Peçanha assumiu a presidência para cumprir o tempo restante do mandato. Nilo Peçanha foi o sétimo presidente da República, e o primeiro e único afrodescendente a ocupar o cargo até os dias atuais.


No breve período em que assumiu a presidência da República, apenas um ano e cinco meses, Nilo Peçanha deu continuidade ao programa político conduzido pelo antecessor. Prosseguiu a ampliação da malha ferroviária do país com a construção de estradas nas regiões Nordeste, sudeste  e sul. Estendeu as obras de saneamento da capital federal para a Baixada Fluminense. Modificou parte do fornecimento de luz na cidade do Rio de Janeiro para o sistema elétrico. Reformou os Correios e Telégrafos e expandiu a rede telegráfica. Ampliou o investimento de capitais na indústria de 12,4% para 18,5%. A formação de mão de obra para a indústria também foi estimulada com a criação da Escola de Aprendizes Artífices. Expandiu o treinamento militar para todos os cidadãos. Promoveu pesquisas científicas no setor agrícola. A escolha dos ministros por Nilo Peçanha seguiu critérios técnicos com o objetivo de executar as pautas propostas para o governo.

Escola de aprendizes artífices -rio grande do norte.
A equivalente a nossa atual escola técnica -ETE

Em 1910, a sucessão presidencial foi disputada pelos candidatos Rui Barbosa e pelo marechal Hermes da Fonseca. Rui Barbosa pretendia restaurar os ideais civilistas em oposição ao militarismo do candidato marechal. Nilo Peçanha, de acordo com o histórico respaldo concedido ao militarismo, apoiou a candidatura do militar. Marechal Hermes da Fonseca saiu vitorioso nas eleições, no entanto, durante o mandato sofreria com as ressonâncias da campanha civilista de Rui Barbosa.


Rui Barbosa 

A campanha civilista consistia ali em ter um candidato civil e não militar para concorrer as eleições daquele período. Rui Barbosa, baiano escolhido por são Paulo para seu representante, chegou com um modelo de candidatura inovador baseado no corpo a corpo. Ou seja, comícios, contato direto com o eleitorado e divulgação de propostas para inovação da pátria. Essa ideia de um nordestino vinha a tona justo para dar voz e força a esse bloco do país que era ,em parte, esquecido pelos governos federais. Embora a ideia do corpo a corpo de Rui Barbosa fosse pioneira, ele pecou em arrematar apenas a malha urbana do país esquecendo os interiores onde prevalecia o VOTO DE CABRESTO. Este consistia basicamente no " você vota em quem eu apoio" isso dito pelos fazendeiros a seus trabalhadores rurais. 


Nesse enredo conta-se , sem comprovações, que Hermes da Fonseca, sucessor de Nilo, havia fraudado as eleições tendo ganho de forma ilegítima. Contudo, não há nada que comprove esse ato do mesmo. 

 Hermes da fonseca

Tendo este vitória no pleito, voltamos aos governos militaristas, que era defendido pelo Nilo Peçanha. 

O próprio Nilo desejava sair candidato as eleições, mas, isso feriria a boa política café com leite já que o mesmo era carioca. O que tornava obrigatória a presença de políticos mineiros e paulistas concorrendo. Nessa levada era a vez de são Paulo indicar seu candidato. E este curiosamente foi o Rui Barbosa quem nem mineiro nem paulista mas baiano. O Nilo optou assim em apoiar o militarismo tendo nessa chapa o marechal Hermes da Fonseca que sai vitorioso.

Nilo Peçanha no cargo de presidente da República, para prosseguir com o programa de governo, acresceu a emissão de papel-moeda, aumentou os impostos sobre a importação de artigos e captou mais recursos estrangeiros para o país.

Durante o mandato de Nilo Peçanha também foi criado o Serviço de Proteção aos Índios (SPI), sendo designado para o comando do instituto o marechal Cândido Rondon.

Marechal Candido Mariano da Silva Rondon. Descente indígena por parte te de mãe. Enveredou se de 1904 a 1910 pela amazônia em busca da história indígena brasileira

Criou também o ministério da agricultura, comércio e indústria.

Temos nele um abolicionista republicano que foi durante chicoteado com inflamações racistas as quais ele sempre minimizou para seguir seu pleito político.

Durante a transição de governo ocorreu a revolta da chibata liderada por João Candido, o almirante negro, em 1910. Esse recebido pelo Nilo Peçanha mas sem ter atendidas suas solicitações 

João Candido o almirante negro 


A revolta da chibata foi um movimento em protesto por parte dos marinheiros que recebiam açoitadas de seus superiores como forma de punição a atos que não fossem de agrado com as ordens daquela época na Marinha. Infelizmente como dito antes, nada foi feito naquela ocasião que pudesse solucionar e atender as necessidades do movimento.

Nilo Peçanha era um defensor da educação e valorizacao social. Fala do próprio Nilo:

"Não saíram das academias os inventores da locomotiva, do navio, do telégrafo, do telefone, do farol, da fotografia e de centenas de outras invenções, em que os seus autores, humildes representantes do trabalho manual e verdadeiros criadores da civilização moderna, sabiam fazer uma coisa que os sábios de hoje ignoram, isto é, servirem-se de suas próprias mãos."

Nilo Peçanha

Nilo era Maçom e Grão-mestre do Grande Oriente do Brasil de 23 de julho de 1917 a 24 de setembro de 1919, quando renunciou ao cargo. 

Nilo Peçanha faleceu em 31 de março de 1924, vítima da doença de chagas aos 56 anos. Foi sepultado no Cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro

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